UMA NOVA JANELA PARA O CINEMA

A cidade de Campos dos Goytacazes se prepara para um marco cultural inédito, com a realização do 1º Festival Internacional Goitacá de Cinema, em agosto deste ano, focado em celebrar o cinema independente do Brasil e do mundo no interior do Rio de Janeiro, por meio da seleção oficial de filmes inovadores do ponto de vista estético e temático, possibilitando o encontro entre novos e experientes realizadores.

O evento surge em meio à retomada do projeto da Escola Brasileira de Cinema e Audiovisual, uma iniciativa idealizada e dirigida por Fernando Sousa, ex-aluno da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), com produção executiva de Gabriel Barbosa e da Quiprocó Filmes. De acordo com Fernando, a proposta nasceu da vontade de consolidar Campos como um polo de produção audiovisual e de fortalecer sua história com o cinema.

“Identificamos que Campos possui uma relação histórica com o cinema brasileiro e a ideia é que o festival possa contribuir para reconectar afetivamente a região com o cinema. Já a escola pode desempenhar um papel crucial na qualificação de novos profissionais e será muito positiva para o desenvolvimento da economia criativa e do setor do cinema e audiovisual no interior do Estado do Rio.”

Ao longo de 2024, a cidade já vivenciou algumas atividades importantes, como exibições, debates e oficinas de formação na área de cinema e audiovisual. Em agosto do mesmo ano, foi lançado o curta-metragem “Campos é uma Cidade de Cinema”, produção que ao mesmo tempo em que celebra o projeto original da Uenf, exalta a relação histórica de Campos e da região com a sétima arte. Agora, o evento busca consolidar essa identidade cinematográfica com uma programação rica e diversificada.

No final de janeiro, o diretor geral do Festival Internacional Goitacá de Cinema se reuniu com o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, para avaliar a possibilidade de uma possível parceria. Além do apoio, a ideia é que haja uma sessão especial com os filmes do Edital Curtas-Metragens Brasil com S, da Embratur, que promovem destinos turísticos nacionais. “O apoio da Embratur cumprirá papel estratégico já na internacionalização do Festival Goitacá de Cinema, pois é sua atribuição promover o Brasil no exterior, e nada mais eficiente para esse objetivo do que o cinema e o audiovisual”, afirma Fernando.

Para Victor van Ralse, diretor e produtor audiovisual, o festival não apenas enriquece a cena cultural, mas também impacta a economia local, movimentando setores, como gastronomia, hotelaria e transporte. “Em 2024, tivemos cerca de 125 milhões de espectadores no Brasil, o mercado audiovisual movimenta muito a economia do país. Agora imagina Campos e região sendo visto pelo Brasil e pelo mundo”, destaca.

Em paralelo às mostras de filmes, será realizado o Seminário de Cinema e Audiovisual do Norte e Noroeste Fluminense, aprovado em editais de eventos da Capes e da Faperj. O objetivo é atrair canais de TV, produtores, distribuidores e investidores, a fim de criar uma rede de contatos e negócios para o cinema brasileiro no Norte Fluminense em intercâmbio internacional.

DESAFIOS NO AUDIOVISUAL CAMPISTA

Apesar dos avanços, a cidade ainda enfrenta desafios na área da economia criativa. A ausência de incentivos fiscais e editais municipais específicos para a área é um dos principais entraves, e dificulta a sustentabilidade da produção audiovisual na cidade, acredita Ralse.

– Campos teve acesso a recursos porque se organizou para isso, por meio da implementação do Plano de Cultura e da atuação do Conselho de Cultura junto à Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima. Mas o problema é que não há incentivos fiscais e nem editais municipais para manter os artistas e técnicos locais em exercício de suas atividades – comenta.

Para ele, não só o poder público, mas as iniciativas privadas deveriam investir mais no aporte para exibição, pois o cinema, além de ser entretenimento, gera visibilidade de marca e enriquece culturalmente a cidade.