
Os mais de 200 mil imóveis em Campos, devidamente inscritos na Secretaria Municipal de Fazenda, chamam a atenção por diferentes fatores: imponência da obra, estilo da construção, design, cores e luzes. Mas alguns outros chamam muito mais atenção, especialmente, por estarem fincados em áreas centrais e nobres da cidade, totalmente abandonados e/ou inacabados. E pior, há anos! Alguns até há décadas.
São os chamados pela população de “elefantes brancos” em meio a áreas nobres onde existe déficit de imóveis, tanto para compra quanto para aluguel, de acordo com imobiliárias locais. Um dos imóveis abandonados que mais chama a atenção em Campos está bem no coração da Pelinca, na área nobre da cidade, um ponto altamente comercial, erguido há cerca de 15 anos para funcionar um apartamento.
Do lado de fora, um prédio de porte suntuoso erguido na Avenida Pelinca, número 297. Do alto dos seus 22 andares pode se observar que ele está totalmente pronto. Porém, nunca foi aberto e muitos comerciantes vizinhos chamam de “prédio fantasma”. A justificativa? Senta que são muitas histórias e versões!
Inicialmente o edifício estava sob a responsabilidade da incorporadora carioca PDG, que, em 2011, chegou a ser apontada como a maior do mercado brasileiro. Em 2015 decretou falência e, anos mais tarde, entrou no Plano de Recuperação Judicial. Após ter encerrado a recuperação judicial, retomou as atividades e hoje se chama iX. Incorporadora.
As histórias em torno do tal prédio da Pelinca começam aí. Para alguns profissionais do setor imobiliário, o que tornou sua concretização inviável foi a falência da PDG. Para outros, antes mesmo do fato, já não havia interesse por parte dos campistas na compra ou até mesmo no aluguel dos aparts. De concreto, o que se sabe é que o terreno onde foi construído o edifício pertenceu a um proprietário de olaria que residia na Baixada Campista.
A Revista Fever buscou informações nas páginas da PDG espalhadas pela internet. Em uma delas, no link “Imprensa”, consta o telefone e o nome de Wellington Silva. Nossa reportagem fez contato, se apresentou e pediu informações. Do outro lado, a pessoa respondeu com um bom dia, perguntou o nome do repórter e não se comunicou mais até o fechamento desta edição. O que se sabe, de forma não oficial, é que o caso do prédio da Pelinca está na esfera judicial.
O QUE FAZER COM ESSAS OBRAS ABANDONADAS, INACABADAS E/OU FRACASSADAS?
Não restam dúvidas que tais obras atrapalham e enfeiam as cidades, impactando negativamente na desvalorização de imóveis privados. Especialista no mercado imobiliário, Magno Bedim confirma que imóveis embargados ou com algum problema documental geram um impacto negativo no mercado, tanto para investidores quanto para o desenvolvimento urbano.
“No caso específico deste edifício abandonado da Pelinca, acredito que reflete desafios burocráticos e jurídicos que, quando não resolvidos, prejudicam e desaceleram a valorização da região e a confiança dos compradores.”
No geral, imóveis abandonados acabam descumprindo sua função social, podendo gerar riscos de ordens diversas à população, seja no campo sanitário, estético e na questão de segurança pública. Sem falar no impacto negativo no desenvolvimento da cidade.
Quanto aos imóveis praticamente prontos na cidade, que estão paralisados, ele dá uma dica: “O ideal seria que essas situações fossem solucionadas com celeridade para evitar desperdício de investimentos e atender à demanda do mercado. A paralisação de empreendimentos prontos afeta tanto a economia, quanto a credibilidade do setor”, enfatiza Bedim.
MAIS PRÉDIOS ABANDONADOS POR AÍ…

Basta andar pela cidade com olhar mais atento que encontrará muitos ou tros “elefantes brancos” que destoam da arquitetura dos imóveis no seu entorno, pelo estado de abandono. Um prédio que também chama a atenção das pessoas, principalmente por se apresentar em pés simas condições, está localizado na área central da cidade, na rua Treze de Maio, esquina com a Siqueira Campos. O prédio tem cerca de 50 anos e já abrigou escritórios da antiga Companhia de Eletricidade do Estado do Rio de Janeiro (CERJ).
Constam informações de que teria sido o primeiro prédio de 10 andares em Campos, um sonho do senhor José Elias Saad, com projeto do arquiteto Jofre Maia. No entanto, metade dos últimos andares não foi finalizada. Segundo apurações da nossa reportagem, o problema que envolve o edifício é complicado e há anos encontra-se na esfera judicial, envolvendo gerações e gerações familiares.
Há muitos outros abandonados na área central. Na rua Tenente Coronel Cardoso, esquina com a Beira Valão, em frente à peixaria do Mercado Municipal, um prédio de dois andares – somente no reboco – não foge dos olhares de quem passa por ali. Há três anos, moradores de rua invadiram o espaço e atearam fogo. Até hoje manchas de fumaça apontam que o vandalismo tomou conta do espaço.
O chefe de licenciamento da Subsecretaria de Planejamento da Prefeitura de Campos, César Romero Braga, explica que este último imóvel já está destinado a ser demolido. Ele já foi desapropriado pela prefeitura e, após a demolição, haverá uma mudança na área “que beneficiará a população, inclusive, melhorando o fluxo do trânsito no local”. No entanto, a demolição requer máquinas próprias e uma logística para não atrapalhar o dia a dia das pessoas, explica César Romero.
MERCADO IMOBILIÁRIO AQUECIDO
O mercado imobiliário em Campos tem mostrado desempenho, com uma leve evolução, especialmente em áreas nobres como a Avenida Pelinca e o Parque Tamandaré, destaca Magno Bedim.
- A demanda por imóveis nessas regiões segue crescendo, tanto para compra quanto para locação, impulsionada pelo comércio da região e, principalmente, pelo Porto do Açu. O mesmo está acontecendo em outras áreas, especialmente em bairros em expansão, que oferecem boas oportunidades para novos empreendimentos e atraem compradores em busca de custo-benefício – explica.
Quando perguntado se existe déficit de imóvel para compra ou aluguel nas áreas da Pelinca e Centro, ele explica que nestes bairros a demanda é alta, particularmente por aluguel e por imóveis bem localizados e de alto padrão. Embora existam opções no mercado, o ritmo de ocupação é acelerado, o que pode gerar momentos de menor disponibilidade.
Os valores de aluguel, por exemplo, de uma sala na região da Pelinca – uma das áreas mais valorizadas – variam conforme o tamanho e a localização exata, mas, em média, podem ficar entre R$ 1,5 mil e R$ 5 mil.