Qual é a sua luta? Cia de Arte Persona propõe reflexão com novo espetáculo

Foto: Iara Ribeiro

Por Lênin Willemen – Basta ligar em qualquer canal de notícia para ouvir várias vezes ao dia que “estamos vivendo em um mundo cada vez mais polarizado”. É uma informação parcialmente verdadeira, pois, de fato, parece que nunca se discutiu e se brigou tanto. Mas há uma reflexão mais profunda que é necessário se fazer diariamente: Pelo que se luta? Quais são as lutas que fazem parte do nosso dia a dia? Ao lado de quem estamos lutando? E quais são as nossas lutas individuais?

Foi partindo desses questionamentos que a Cia de Arte Persona se debruçou em cima do texto “Os Fuzis da Senhora Carrar”, do dramaturgo alemão Bertold Brecht para construir seu novo espetáculo, onde a saga de Teresa Carrar se mistura com histórias reais e contemporâneas de lutas, internas e coletivas. A peça estará em cartaz nos dias 16, 17 e 18 de agosto, às 20hs no Teatro de Bolso Procópio Ferreira, com classificação de 12 anos e conta com o apoio da Revista Fever.

O texto de Brecht se passa durante os anos de depressão, que levaram o mundo a um caos econômico e social. Em todos os países da Europa surgiam manifestações de direita e de esquerda, propondo reformas políticas radicais. A Espanha é palco de greves, manifestações e levantes, que culminaram com a proclamação de uma nova república e a guerra civil. A Guerra Civil Espanhola foi um dos momentos decisivos do séc. XX. Um choque de ideologias, assim como de armas. Um conflito brutal que dilacerou uma nação. Os generais golpearam o governo democraticamente eleito da Espanha, com o objetivo de reverter os avanços sociais, culturais e políticos conquistados nos anos anteriores. Este é o contexto histórico onde está inserida a peça. A história de Teresa Carrar vai sendo mostrada para o público ao mesmo tempo em que lutas do século XXI surgem para mostrar que há sempre pelo que lutar “Esse caminhar para frente, sofrer um golpe, retroceder, tem marcado a história de muitos países em nosso planeta. E foi na Espanha que aprendemos que alguém pode estar certo e ainda ser vencido, que a força pode vencer o espírito, que há momentos em que a coragem não é sua própria recompensa. Mas a luta por um mundo melhor e mais justo permanece. E hoje, aqui e agora, pelo que se luta”, diz Tânia Pessanha, diretora do espetáculo.

Foto: Lara Ribeiro

Mas como as histórias de lutas contemporâneas se encaixam neste contexto? Tânia explica: “Desde o início do processo, sentimos que, apesar do texto original de Brecht se manter atual, era preciso falar também das nossas lutas do século XXI. Começamos então a nos questionar que lutas seriam essas e convidamos algumas pessoas para um bate-papo, onde pudemos aprender muito sobre realidades diferentes e, daí, começamos a estruturar nosso texto. Ao longo do processo criativo, percebemos que o próprio elenco também tinha histórias de lutas. Pessoais ou coletivas, elas eram importantes, e decidimos selecionar algumas dessas histórias para montar a dramaturgia final. Durante a montagem cênica (boa parte dela construída de forma online durante a pandemia), as sonoridades foram surgindo de vários pontos e de várias maneiras. Buscamos músicas para cada personagem e maneiras de inserir o som como elemento cênico”, conta Tânia, que também está no elenco, junto com Miguel Marques, Brenna Crespo, Isabelle Alvarenga, Matheus Simões, Sunshine Pessanha, Julia Possidônio. Thássia Nunnes faz a assistência de direção e música ao vivo. Nathália Cordeiro também colabora com a música além das projeções. A preparação vocal é de Leandro da Costa, a iluminação é de Lênin Willemen e a orientação cenográfica é de Décio Pessanha e Rafael Sanches.

E você? Qual é a sua luta?

Dias 16, 17 e 18 de agosto – 20hs
Teatro de Bolso Procópio Ferreira
Ingressos: Mega Bilheteria