Há muito tempo, a cerveja é considerada uma das bebidas favoritas dos brasileiros, fazendo com que nosso país seja um dos maiores consumidores e produtores no mundo. Conforme estudo realizado pelo Euromonitor International, em 2021 foram vendidos 14,3 bilhões de litros da bebida no território nacional. Atualmente, o Brasil possui mais de 35 mil produtos em cervejaria, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sincerv).
Com o crescimento do mercado cervejeiro no Brasil, aumentou também o número de pessoas adeptas à cerveja artesanal, uma bebida diferenciada, geralmente puro malte e com sabores diversos. Segundo Ricardo Menezes, proprietário da Cervejaria Barril Cheio, o sucesso das cervejas artesanais pode ser atribuído ao fato de que o consumidor brasileiro gosta de novas experiências. Sommelier de cervejas formado pelo Instituto Cerveja Brasil, André Amaral explica que o termo “artesanal” é bem amplo.
“Na verdade, todas as cervejas nascem artesanais, até a cervejaria adquirir uma certa demanda e aí passa a ser produzida em grande quantidade e, na maioria das vezes, a cervejaria não respeita o tempo de fermentação e maturação e envasam a mesma, daí a qualidade cai. Nesse caso, o aroma e paladar são brutalmente afetados. Essas são as tradicionais. Na verdade, a minha preferência pelas cervejas artesanais se dá pelo fato da frescura da mesma. Aprecio as cervejas frescas, não pasteurizadas ou em cadeia fria.”
Ricardo Menezes é proprietário da Cervejaria Barril Cheio, que produz a Trópica, uma das favoritas dos
cervejeiros artesanais fluminenses. — Foto: Thássia Stutz
O professor Cesar Peixoto, consultor de negócios cervejeiros e beer expert pelo Science of Beer, acredita que o crescimento contínuo que o Brasil e outros países experimentam está relacionado ao pouco conhecimento sobre cervejas artesanais por parte do consumidor. Desta forma, há sempre uma novidade, o cliente está sempre descobrindo um novo estilo e isso fomenta o mercado. O professor explica que as cervejas do estilo American Light Lager, conhecidas no Brasil como Pilsen, representam 85% do consumo da bebida. “Mas uma parcela dos consumidores, que vem aumentando a cada ano, quer experimentar
novos aromas e novos sabores”, acrescenta.
Made in Campos
A Trópica, cerveja produzida na Barril Cheio, em Campos, é uma das favoritas dos consumidores fluminenses, sendo consumida principalmente em Campos, Macaé, Rio das Ostras e na capital. No momento, os esforços ficarão para crescer dentro do Estado do Rio. Atingiremos outros estados com lançamento do canal e-commerce em breve, explica Ricardo Menezes, também proprietário da marca. Segundo ele, o público ainda está se definindo e crescendo, indo dos 20 aos 55 anos, incluindo homens e mulheres. Dentre eles, estão apreciadores de cervejas mais alcoólicas, amargas e até com especiarias.
Foto: Thássia Stutz
Para quem deseja começar a consumir e entender mais sobre cerveja artesanal, a dica de André é ler sobre história, escolas cervejeiras e estilos da bebida. ”Sem conhecimento, você estará colocando um líquido na boca sem saber do que se trata. O lema da cerveja artesanal sempre vai ser: Beba menos e beba melhor”, afirma. Ele indica começar buscando artigos na internet
sobre os estilos antes de degustá-los, além de conversar com quem entende do assunto e ir aos eventos cervejeiros, não se limitando apenas aos que acontecem em Campos.
Cesar concorda: Conhecimento é tudo. Uma boa estratégia é seguir alguns dos influenciadores digitais reconhecidos por difundirem o conhecimento cervejeiro, conta. Assim, é possível acessar informação gratuita e de qualidade. Os cursos também são uma opção para se introduzir ao universo das cervejas artesanais: “temos cursos on-line em diversas plataformas e cursos presenciais oferecidos por cervejarias, bares, restaurantes e biergartens em todo o Brasil”, explica o especialista.
César Peixoto, consultor de negócios cervejeiros e beer expert.
André Amaral, sommelier de cervejas
Incentivo às cervejarias
Está tramitando na Câmara dos Vereadores de Campos um projeto de lei que prevê um programa de incentivo às cervejarias de pequeno porte instaladas na cidade e que estão devidamente licenciadas e registradas. O projeto foi proposto pelo vereador Rogério Matoso, que afirma que, além do incentivo, também é importante que o município estimule a criação de eventos que promovam a comercialização da bebida, “já que cervejarias recolhem impostos, compram insumos (o que ajuda outros comerciantes a movimentar seus negócios), contratam serviços e, principalmente, dão oportunidade de emprego”, explica Matoso, detalhando que o PL deve entrar para a pauta da plenária em breve.
