NÃO CAIA NESTE GOLPE!

Em um mundo cada vez mais conectado, a segurança online tornou-se crucial. Os crimes cibernéticos são uma ameaça constante, mas adotar medidas proativas pode fortalecer sua defesa digital. Dados do Anuário de Segurança Pública mostram que por conta da pandemia da Covid-19, o uso da internet e das redes sociais, tanto para rotinas de trabalhos como para compras, aumentou significativamente, gerando oportunidade para os criminosos virtuais. Os estelionatos em meio eletrônico chegaram a um total de 200.322 mil ocorrências em 2022, um aumento de 65,2% em relação às ocorrências de 2021.

Os golpes através de redes sociais podem ser operados sem que a pessoa disponibilize dados financeiros. Casos de estelionato sentimental através desses meios também são crimes cibernéticos, como foi caso de uma idosa de 68 anos, moradora de Osasco, em São Paulo, que entregou R$ 208 mil a um golpista que dizia ser o ator Johnny Depp, acreditando que estava vivendo um romance com o ator norte-americano. Em Campos, são vários os casos de redes sociais hackeadas, como da empreendedora Lisandra Sant’anna, que teve o seu Instagram – com mais de 6 mil seguidores – roubado. Segundo a jovem, um código foi enviado para o celular para alterar a conta e logo em seguida ela acabou perdendo o acesso, sem ter passado o código que havia chegado na mensagem. A partir daí, a dor de cabeça começou. “Estavam pegando imagens antigas minhas, vídeos de story, e o(a) golpista estava se passando por mim para aplicar golpes nos meus seguidores”, relata.

Após pouco mais de um mês lutando contra isso, Lisandra precisou pagar a um profissional, para conseguir recuperar a conta, e sua confiança foi afetada após esse episódio. “Sempre acho que estou exposta ou vou ser hackeada novamente. Não sinto mais confiança em conversar à vontade no privado como antes, e nem de postar coisas mais pessoais. A dica que eu posso dar para você não passar pelo que eu passei é baixar o aplicativo de autenticação em dois fatores. Se puder também, contrate um profissional para blindar sua conta desses golpistas”, ensina. A recuperação de conta custa em média, de R$ 200 a R$ 2 mil.

8 dicas para não cair em golpes nas redes sociais:

1 – Senhas fortes e atualizadas: Garanta que suas senhas sejam robustas, combinando letras, números e caracteres especiais. Além disso, altere-as periodicamente para evitar vulnerabilidades.
2 – Autenticação de dois fatores (2FA): Reforce a segurança utilizando a autenticação de dois fatores sempre que possível. Isso adiciona uma camada extra de proteção, exigindo, além da senha, uma confirmação adicional.
3 – Conscientização sobre phishing: Esteja atento a e-mails ou mensagens suspeitas. Phishing é uma tática comum de cibercriminosos. Não clique em links duvidosos e verifique sempre a autenticidade das mensagens.
4 – Atualizações de software: Mantenha seu sistema operacional e aplicativos atualizados. Atualizações frequentes corrigem falhas de segurança, reduzindo as brechas para ataques.
5 – Configurações de privacidade em redes sociais: Revise e ajuste as configurações de privacidade em suas redes sociais. Limite o acesso às suas informações apenas a pessoas confiáveis e evite compartilhar detalhes pessoais publicamente.
6 – Monitoramento de atividades suspeitas: Fique atento às atividades incomuns em suas contas. Se perceber algo estranho, como logins desconhecidos, aja rapidamente alterando senhas e notificando a plataforma.
7 – Backup regular de dados: Faça backups regulares de seus dados importantes. Caso seja vítima de um ataque, ter cópias de segurança pode minimizar perdas.
8 – Educação digital: Mantenha-se informado sobre as últimas ameaças cibernéticas e práticas de segurança. A educação digital é uma ferramenta poderosa na prevenção de crimes online.

NO COMBATE AOS CRIMES CIBERNÉTICOS

Entre os desafios para investigar crimes cibernéticos, a delegada Ivana Morgado aponta o anonimato dos criminosos, a complexidade técnica, jurisdição e recursos limitados, entre outros – Foto: Arquivo Pessoal

Para entender melhor sobre o crescimento dos crimes cibernéticos, como eles acontecem, especialmente, na região; e como agir nestes casos, a Fever conversou com a delegada Ivana Morgado, titular da 147ª Delegacia de Polícia, em São Francisco do Itabapoana. Entre as medidas preventivas citadas por Drª Ivana, ela destaca que conscientização, educação cibernética e cooperação internacional são fundamentais na luta contra essa ameaça digital: “Ao adotar essas práticas, você fortalece sua postura de segurança digital, tornando-se menos suscetível a esses crimes”.

Segundo a delegada, entre os desafios mais comuns ao investigar este tipo de crime: evolução rápida da tecnologia, anonimato dos criminosos, jurisdição e cooperação internacional, complexidade técnica, recursos limitados, desafios legais, dentre outros. “Esses desafios exigem que os delegados de polícia estejam constantemente se adaptando e aprendendo para manter-se eficazes na luta contra os crimes cibernéticos, destaca, ressaltando ainda que a conscientização, educação cibernética e cooperação internacional são fundamentais na luta contra essa ameaça digital.

Fever – Quais são as medidas preventivas que você recomenda para pessoas e empresas?

Drª Ivana – Tanto pessoas quanto empresas devem adotar uma série de medidas essenciais para fortalecer a segurança cibernética e minimizar o risco de ataques. Algumas recomendações: uso de senhas fortes, autenticação de dois fatores (2FA), atualizações de software, backup de dados, uso cauteloso das redes sociais, software antivírus, segurança de rede Wi-Fi, dentre outros. Na prática, percebe-se que adotar estas medidas não elimina completamente o risco de crimes, mas pode reduzir significativamente a probabilidade de ocorrências e mitigar o impacto de qualquer incidente de segurança. Crimes cibernéticos abrangem uma variedade de atividades ilícitas online, desde ataques de phishing até crimes mais sofisticados, como roubo de identidade e ataques cibernéticos a grandes organizações. Esses crimes estão em constante evolução, desafiando as autoridades e exigindo medidas de segurança mais avançadas para proteger indivíduos e empresas.

Fever – Qual é o papel da conscientização pública na prevenção de crimes cibernéticos, e como a sua delegacia promove essa conscientização?

Drª Ivana – A conscientização pública desempenha um papel crucial na prevenção. Informar e educar indivíduos e organizações sobre estas ameaças e as melhores práticas para se proteger pode reduzir significativamente o risco de se tornarem vítimas, tais como conscientização sobre proteção de dados pessoais, importância das atualizações de segurança, uso seguro de Wi-Fi público, campanhas de mídia e parcerias público-privadas, etc. Assim, através dessas iniciativas de conscientização, é possível construir uma cultura de segurança cibernética que capacita indivíduos e organizações a se protegerem de forma proativa contra ameaças digitais.

Fever – Existem tendências específicas ou tipos de crimes cibernéticos que têm se destacado recentemente na região?

Drª Ivana – Sim, devido à sua frequência, sofisticação ou impacto significativo. Alguns dos mais notáveis são estelionato, fraude bancária online e invasão de dispositivo informático.

Fever – Qual é o procedimento padrão para vítimas de crimes cibernéticos ao se aproximarem de uma delegacia em busca de ajuda?

Drª Ivana – Embora os procedimentos específicos possam variar conforme a jurisdição e a natureza do crime, vou elencar algumas etapas a serem formalizadas em sede policial: formalização do registro de ocorrência, coleta de evidências, relato detalhado do incidente, proteção de evidências criminais etc. E ainda, se disponível, o caso pode ser encaminhado para uma unidade especializada em crimes cibernéticos para investigação mais detalhada. Em arremate, é importante que as vítimas relatem os incidentes o mais rápido possível e sigam as orientações das autoridades para garantir uma resposta eficaz e aumentar as chances de resolução do caso.

Fever – Como a tecnologia influenciou a forma como a sua delegacia investiga e combate crimes cibernéticos?

Drª Ivana – A tecnologia teve um impacto significativo, oferecendo novas ferramentas e métodos, mas também apresentando novos desafios e responsabilidades. Houve melhoria na coleta de evidências digitais, colaboração e compartilhamento de informações, utilização de softwares e ferramentas sofisticadas para a análise de dados digitais, como programas para a recuperação de dados apagados, análise de redes sociais, e rastreamento de atividades online.