LONGEVIDADE NOS ESPORTES

Elas estão na plenitude, na melhor forma física, com a saúde em dia e, por essas e outras, nem lembram que têm mais de 50 anos. Nem elas, nem os seus milhões de seguidores das redes sociais que acompanham treinos, competições, conquistas, medalhas e constatam que, graças às práticas esportivas e aos cuidados com a saúde, elas não aparentam ter a idade que aponta a certidão de nascimento. A fisiculturista Monica Bousquet, 61 anos, começou na musculação depois dos 50; e a ultramaratonista Adahir Cristina Moll, mais conhecida como Tininha, 52 anos, iniciou na corrida de ultramaratona após os 45. São exemplos de mulheres que começaram a se exercitar em idades que muitas consideram que não dá mais tempo de mudar o corpo ou que “é a hora de descansar, parar tudo para cuidar dos filhos, dos netos”. Essa ainda é uma cultura do Brasil, ao contrário de outros países, como Estados Unidos, por exemplo, que tem o fisiculturista Jim Arrington, de 90 anos, reconhecido como o mais velho do planeta em atividade. Destaque ainda para Mathea Allansmith, corredora de 92 anos, que bateu o recorde mundial, ano passado. Exemplos à parte, as atletas de Campos também não pretendem parar tão cedo e nem têm porquê. Afinal, consideram que treinar diariamente, faça sol ou faça chuva, competir e buscar a superação diária é o que dá motivação para as demais atividades do dia a dia.

Fotos: Thássia Stutz

INFLUENCIANDO: VÍCIO DO BEM

Tudo que é bom, tem que ser compartilhado. E é isso que Monica e Tininha fazem nas redes sociais, procurando incentivar, principalmente, as mulheres a começarem uma atividade física. E afirmam que a mudança maior não é só no shape, mas na cabeça, já que quando a pessoa termina uma sessão de treinos ou ganha uma medalha em competição, ela sente que pode muito mais. Tininha Moll, por exemplo, quer participar da tradicional Maratona do Mont Blanc, evento anual de corrida em trilha alpina, em distância de maratona, realizado em Chamonix, na França, percorrendo a Suíça e Itália. Já Monica Bousquet quer continuar nas competições pelo Brasil afora e até no exterior.

ENDORFINADAS

Tininha Moll estava se sentindo muito “parada fisicamente” e, sem opção quando, aos 45 anos, foi para a academia fazer musculação. Ela só não contava que seu personal praticava corrida e, por incentivo, começou também a atividade, inicialmente na esteira. Bastou um convite para sair do aparelho e ir para rua. Quando fez sua primeira corrida de 5km achou que ia morrer, no entanto, mal sabia que ali já estava “viciada”. – A corrida dá muito endorfina, quando você termina está totalmente bem e começa a gostar, é como se fosse uma droga boa. Comecei a participar de outras e aumentar a distância, indo para 21km, depois mais e mais, até correr mais de 100 km sem parar. Hoje sou a única em Campos a alcançar essa distância, correndo três dias seguidos. Meu diferencial é que sou corredora de ultramaratona, praticando a atividade em montanha, em meio a natureza, em trilhas – conta a medalhista. Já Monica estava acima do peso quando, a contragosto, entrou em uma academia, local que achava que iria frequentar somente algumas vezes para melhorar a condição física. Não saiu mais e hoje, mesmo se viajar, procura um espaço para se exercitar. Da academia partiu para as competições, onde se destaca na categoria master, que reúne atletas de 45 mais, principalmente porque só encontra competidor até 55 anos. Na sua faixa etária de 60, por enquanto, não há. – Eu não fico um dia sem treinar. Quanto mais você treina, mas força e capacidade você adquire. Nosso corpo é uma máquina perfeita. Algumas pessoas me veem treinando e ficam assustadas, mas eu não faço nada que me faça mal. Claro que toda minha atividade física é com acompanhamento médico, nutricional, com personal, entre outros. Musculação é fonte da juventude, a gente fica cheio de gás, de energia. Eu aconselho todas as pessoas a começarem. Esporte é vida – explica a fisiculturista.

ATENÇÃO À SAÚDE

O médico Héssio Fróes alerta às pessoas que passaram dos 40 e são sedentárias sobre a importância da atividade física. Ele explica que, à medida que envelhecemos, é necessário se exercitar, principalmente, buscando saúde, aumento da longevidade e da qualidade de vida. – Iniciar a prática de atividades físicas é muito recomendado. Tanto sua saúde física quanto a mental se beneficiam disso, mas há um ponto de atenção: muitas pessoas iniciam alguma modalidade sem antes saber que é preciso realizar exames. Independente de começar a praticar esportes ou não, realizar um check-up é necessário. E para quem vai começar a se exercitar, ainda mais – explica o especialista. Iniciar qualquer esporte sem orientação médica pode ser, além de desaconselhável, uma prática perigosa, especialmente para quem está em idade mais avançada, sedentário ou tem histórico familiar de doenças crônicas. O médico recomenda como principais exames para fazer atividades físicas: Perimetria e Antropometria; Teste Ergométrico; Exames Laboratoriais; Eletrocardiograma (ECG).