A boa oportunidade surge com alguns fatores! Às vezes ela se revela através do talento, da sorte, do conhecimento, às vezes é necessário ousadia, muito esforço, ou ainda surgir de uma necessidade. Na busca dessa boa oportunidade, os jovens estão cada vez mais atuantes, buscando conquistar o seu espaço no mercado de trabalho, e mais do que isso, fazer algo diferente.
Crias da casa, alguns jovens que tiveram sua formação em Campos dos Goytacazes e moram ou nasceram na cidade, hoje são destaque em grandes empresas do cenário nacional. É o caso da designer gráfica Laura Lessa, de 23 anos, formada pelo Institu- to Federal Fluminense (IFF), que teve seus desenhos escolhidos para estampar peças da marca Shein.
“Em novembro do ano passado fui descoberta pela Shein por meio do programa de incubação de moda SHEIN X, focado no desenvolvimento de artistas e designers. Já foram mais de 20 criações minhas, que foram aderidas pela marca. Eu tenho total liberdade de criação com eles, eu crio baseada nas minhas inspirações e na minha arte, e eles escolhem. Hoje a minha estampa mais famosa que está com eles é a Tucaníssima, uma versão com elementos tropicais.”
Ela relata a felicidade de ver a sua arte, de fato, estampada em roupas e acessórios. “Me traz uma felicidade enorme. Eu já encontrei pessoas na rua que estavam usando a minha estampa. O coração se enche de felicidade. É gratificante fazer a minha caminhada profissional sem abrir mão da leveza, da criatividade, de me ouvir em cada criação”, ressalta.
Apaixonado por games, o jovem designer gráfico Matheus Ribeiro Peixoto Bastos, de 25 anos, desen- volveu o jogo “O Morto”, um sucesso aderido pela loja oficial da famosa Nintendo. Também formado pelo IFF, o campista conta que em 2020, no auge da pandemia, enfrentando uma depressão e tendo que lidar com vários problemas de saúde na família, começou a estudar sobre a criação do jogo e sozinho criou o serviço completo do jogo.
Inicialmente a ideia era de que “O Morto” seria um curta, que retrataria a fase que eu estava viven- do, porém no caminho vi potencial para que ele se tornasse um jogo para videogame. No processo de criação, um jogo é dividido em programação e a área gráfica, com animações, design e sonorização. São áreas bem distintas e mesmo assim eu estudei todas para criar o meu próprio jogo, feito 100% por mim. Sempre me interessei por jogos, e sempre fui curioso, sempre quis aprender coisas novas, me senti desafiado a programar o meu próprio jogo – relata Matheus.
Sobre o mercado de games, o jovem destaca que o cenário de desenvolvimento no país é precário, que há pouco incentivo. “O Brasil precisa olhar para essa área, pois temos um mercado gigantesco nas mãos para ser explorado e acabamos sendo dominados por empresas estrangeiras dessa área. Precisamos olhar para o setor como algo promissor, videogame não é só coisa de criança, existe uma economia criati- va potente nos jogos”, conclui Matheus.
ESTAMPAS QUE CONTAM HISTÓRIAS
Valorizando a cultura local, Laura realizou o seu traba- lho de conclusão da graduação todo inspirado em Farol de São Thomé. O projeto, que foi entregue em abril deste ano, foi idealizado com a colega Isabella Baldez e ganhou o título de “Luz do Farol – estampas que contam histórias”.
Vivemos numa região rica culturalmente e Farol de São Thomé reflete a arte através das atividades locais como a pesca, o comércio, o artesanato, os artefatos usados nos trabalhos manuais, tudo isso virou inspiração para esse nosso trabalho. A estampa é composta de história que é contada através das cores, dos traços e de formatos. Desse projeto surgiram estampas de roupas e acessórios, estampas que contam histórias. Há estampas que retratam o mercado de peixes, outras os azulejos das casas antigas, há uma variedade” – complementa Laura.
Sobre os seus sonhos e projetos futuros, Laura des- taca que se sentirá muito realizada ao ver o projeto Luz do Farol ganhando mais espaço. “Esse legado cultural precisa ser levado a mais pessoas, e eu me sentiria lison- jeada se as estampas inspiradas em Farol de São Thomé chegassem às pessoas. As estampas não se limitam só à roupa, à moda, mas há uma infinidade de possíveis aplicações, fones de ouvido, paredes, óculos de sol, chinelos, etc.”, comenta a jovem.
DA VIDA REAL PARA OS GAMES
O jogo de console “O Morto” é considerado por Matheus como um jogo de terror e tem classificação para maiores de 18 anos. Através de uma publisher, empresa responsável por intermediar criadores de jogos e marcas, que Matheus chegou à Nintendo com o seu jogo.
“A história do jogo retrata uma versão artística do momento que eu estava passando. Eu jamais imaginaria que o meu jogo estaria na Nintendo e que em apenas um mês de publicação teria mais de 5 mil downloads. Foi um sucesso e continua sendo, pois o jogo continua por lá. Acredito que muitas pessoas se identificaram com a história.”
Segundo Matheus, o jogo foi desenvolvido com a ideia de ser algo artístico, nem pensava de forma co- mercial. Hoje, através da Nintendo, ele é acessado por pessoas do mundo todo, coreanos, chineses, russos, alemães, pessoas de toda a parte: “Fui notado e pude contribuir com o meu trabalho”.
Olhando para um futuro próximo, apesar de hoje atuar em uma agência publicitária, Matheus não pensa em pa- rar com a criação de jogos. “Penso em fazer outro jogo. A fase depressiva passou, provavelmente teremos um jogo mais alegre, algo sobre o Rio de Janeiro. Criar ‘O Morto’ foi uma das melhores coisas da minha vida, eu soube ressignificar uma fase que eu estava vivendo”, finaliza.