Ser atleta no Brasil é enfrentar uma jornada árdua, marcada por desafios que vão além das competições. A busca por reconhecimento e apoio financeiro muitas vezes se torna um obstáculo tão grande quanto os adversários nas competições. No entanto, a paixão pelo esporte impulsiona aqueles que enxergam nos treinos exaustivos e nas renúncias diárias o caminho para a vitória.
Em Campos, essa determinação se reflete em nomes que estão conquistando espaço no cenário esportivo nacional e internacional. O empresário e atleta Christiano Abreu, triatleta consagrado, desafia seus próprios limites a cada prova e está entre os 22 melhores triatletas do mundo. A jovem Nicole de Thuin, uma promessa da natação, mostra que disciplina e talento podem fazer a diferença desde cedo. E Raphael Gebara, esperança no kart, acelera rumo a um futuro promissor nas pistas.
As histórias de Christiano, Nicole e Raphael inspiram não apenas pela superação individual, mas por representarem a força de uma cidade que, mesmo distante dos grandes centros esportivos, revela talentos capazes de chegar ao topo. E foi movida por essa inspiração que a Revista Fever mergulhou no universo desses três atletas campistas para mostrar que, apesar das dificuldades, o sonho de se destacar no esporte não conhece barreiras.
Suas trajetórias são provas vivas de que dedicação e esforço podem transformar promessas em realidades, levando o nome de Campos para além de suas fronteiras. Nesta edição, convidamos você a conhecer de perto os desafios, as conquistas e os bastidores da vida de quem faz do esporte um caminho de superação e orgulho.
A trajetória de Christiano, Nicole e Raphael só comprova que o município de Campos é um verdadeiro celeiro de atletas de destaque. Suas conquistas vão além dos troféus e medalhas, representam a resiliência de tantos atletas brasileiros que enfrentam desafios diários em busca de reconhecimento e apoio. Eles inspiram novas gerações a sonhar alto e acreditar que, com determinação, é possível transformar obstáculos em degraus rumo ao pódio. Assim como eles, promessas do jiu-jítsu, futebol e diversas outras modalidades seguem trilhando seus caminhos com garra, levando o nome da cidade cada vez mais longe.
CHRISTIANO ABREU: UMA LIÇÃO DE SUPERAÇÃO
A história de Christiano Abreu é de superação, uma prova que talento, disciplina e perseverança são capazes de romper qualquer barreira. Ele começou sua vida esportiva no futebol amador, mas os constantes problemas nos joelhos o afastaram do esporte. Quando chegou aos 36 anos, após uma cirurgia no menisco, os médicos foram categóricos: ele não deveria correr novamente. “Disseram que eu tinha pré-artrose e precisava buscar outra atividade. Foi então que a natação entrou na minha vida, e logo depois o ciclismo. Só então descobri o triatlo e nunca mais parei”, conta ele, que aos 51 anos, é também o atual campeão do Ironman Brasil na categoria e foi classificado como o melhor sul-americano no Ironman Mundial, na Nova Zelândia.
Foi em 2016, e sem muita experiência, que ele se lançou no triatlo e, logo na terceira competição, já subiu ao pódio. “No começo, eu fazia provas mais curtas, como o sprint, mas fui evoluindo e encarando distâncias maiores, como o meio Ironman e, finalmente, o Ironman completo”, explica.
O auge da carreira aconteceu em 2019, quando conquistou uma vaga para o Mundial de Ironman em Nice, na França, e, logo depois, para o lendário Mundial no Havaí, a meca do triatlo mundial.
“Estar no Havaí é o sonho de qualquer triatleta. A maioria não consegue nem ao longo da carreira inteira, mas eu alcancei logo na minha estreia na distância completa. Foi um momento indescritível.”
Os últimos anos trouxeram conquistas ainda mais expressivas. Em 2024, Christiano tornou-se campeão do Ironman Brasil na sua categoria, completando a prova em impressionantes 8 horas e 59 minutos, tempo que o colocou na história como o primeiro atleta acima de 49 anos a quebrar a barreira das nove horas no país. “Isso me abriu novamente as portas para o Mundial no Havaí, onde melhorei meu desempenho e fiquei entre os 22 melhores do mundo na minha categoria”, destaca.
Mesmo com uma interminável coleção de troféus e medalhas e muitos objetivos alcançados, Christiano não pretende parar. “Cada prova é uma oportunidade de me superar e mostrar que os limites existem apenas para serem ultrapassados. Espero continuar representando Campos e o Brasil no cenário mundial por muitos anos”, conclui.
NICOLE DE THUIN: UMA PROMESSA DA NATAÇÃO BRASILEIRA
Enquanto Christiano representa a maturidade e a experiência no esporte, Nicole de Thuin é a personificação do futuro promissor. Aos 14 anos, a jovem nadadora já acumula títulos que a colocam entre as grandes promessas da natação brasileira.
Atleta do Flamengo e da Seleção Brasileira, na categoria infantil, ela viveu, em 2024, um de seus momentos mais marcantes ao conquistar quatro medalhas nos Jogos Sul-Americanos Escolares, em Bucaramanga, na Colômbia, incluindo duas de ouro. Nicole se consagrou em dezembro de 2024 Campeã Brasileira e Campeã Sul-Americana.
Filha do ex-nadador Raphael Thuin, quatro vezes campeão mundial, e da jornalista e ex-Paquita Roberta Cipriani, Nicole cresceu cercada pelo esporte. Começou a nadar aos seis meses de idade, e, aos nove anos, já estava competindo. Atualmente, treina no Clube de Regatas Saldanha da Gama, em Campos, e enche o pai de orgulho, seguindo a máxima que diz “filha de peixe, peixinho é”: “Minha maior inspiração na natação é meu pai. Ele sempre me apoia, dá dicas e compartilha suas experiências. É graças a ele que tenho esse amor pela natação”.
Ano passado, Nicole brilhou em competições, como o Campeonato Estadual Infantil e Juvenil de Verão, voltando pra casa com 12 medalhas, e foi eleita a terceira atleta mais eficiente da temporada. Além disso, liderou o ranking brasileiro nos 100m livre e sagrou-se campeã dos Jogos Estudantis Brasileiros nos 50m livre.
Para 2025, Nicole já se prepara para novos desafios, com o objetivo de continuar representando o Brasil e alcançar o seu maior sonho: competir nas Olimpíadas. Recentemente, a atleta foi convocada pela Confederação Brasileira do Desporto Escolar (CBDE), em parceria com a Confederação Brasileira dos Desportos Aquático (CBDA), para participar dos Jogos Mundiais Escolares de 2025, na Sérvia.
“Estar entre os 24 estudantes atletas da natação do meu país e poder representar o Colégio Nossa Senhora Auxiliadora (Censa) muito me honra e vou dar o meu máximo para conquistar uma medalha.”
RAPHAEL GEBARA: UM FUTURO PROMISSOR NO AUTOMOBILISMO
Aos 12 anos, o campista Raphael Gebara já acumula uma trajetória impressionante no kart. Ele começou no esporte aos cinco anos, correndo no Kartódromo Internacional da Serra, no Espírito Santo, e apesar da pouca idade, já ostenta o título de bicampeão brasileiro de kart, tendo conquistado, de forma invicta, o Campeonato Nacional na categoria Júnior Menor, garantindo a pole position e vencendo todas as baterias em sua estreia na classe.
Esse desempenho impecável lhe rendeu um convite da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) para representar o Brasil no Troféu Academy da FIA, no ano passado, um prestigiado campeonato europeu que seleciona apenas um piloto de cada país. Gebara mostrou velocidade desde os primeiros treinos, brigando sempre entre os 15 primeiros. Na final, foi o 10º colocado, depois de largar na 22ª posição. Estrelas da Fórmula 1 atual, como Charles Leclerc, George Russell e Esteban Ocon, já passaram pela competição.
Também no ano passado, ele recebeu o prêmio Capacete de Ouro, em cerimônia realizada em São Paulo, que é considerado o maior prêmio do esporte a motor brasileiro. Gebara recebeu das mãos de Pedro Muffato, ícone do automobilismo brasileiro, o prêmio na Categoria Revelação do Kart.
“Agradeço a Deus, minha família, equipe, patrocinadores e a todos que me apoiaram nessa jornada.”
Além da rotina comum de um garoto de 12 anos, dividida entre escola e outras atividades, Raphael mantém uma rotina intensa de treinos, a cada 15 dias, no kartódromo de Interlagos, em São Paulo, reforçando seu compromisso com o esporte e sua busca por novas conquistas. Com esse currículo vitorioso, quem sabe no futuro não teremos um campista nas pistas da Fórmula 1.
