ARTIGO: O NÃO ESCALÁVEL É APAIXONANTE!

Por Tarcísio Viana, empresário

Em um nível hard do mundo dos negócios, investidores buscam negócios escaláveis para apostarem alto e multiplicarem suas fortunas. Os empreendedores de startups partem da premissa: criar um negócio inovador e escalável. Escaláveis são empresas capazes de reproduzir, repetidamente, aquilo que dá ganho de escala e produtividade a baixo investimento. Louváveis, disruptivos, transformadores de status quo. O que seria de nós sem Travis Kalanick, Brian Chesky, Mike Krieger, respectivamente os fundadores da Uber, AirBnb e Instagram? Mas, me permita te levar para outro lado.

O não escalável é também apaixonante e inovador. Surpreender o cliente, encontrar soluções, ser referência naquele serviço é ter o dia a dia repleto de felicidade. O propósito de resolver aquele problema específico pode ser tão incrível, mas tão incrível, que depois se torna até escalável. Precisamos ter cuidado com “O Sonho Grande”, porque nem todo mundo consegue construir a escada e acaba por não começar.

A febre por escala lotou a internet de autodeclarados especialistas oferecendo cursos das
mais diversas inutilidades e com resultados financeiros surpreendentes. Sim, curso on-line virou “negócio escalável”. Parece piada, mas depois falamos sobre isso.

Primeiro, nos negócios, o propósito. As pessoas. O bem feito ali, hand made mesmo. O que encanta. Depois, o escalável.

Não é incomum em uma roda de empreendedores a pergunta: “Mas como você pretende escalar?”, como se o único caminho fosse a insana pressão de espalhar sua marca pelo mundo. E o pior, sem se preocupar se o ouvinte tá feliz, realizado com seu sonho.

O carinho antes de dormir no amor, a história contada para o filho, a ligação para a avó não são escaláveis. O barbeiro de anos sabe quando quero falar de política e quando só preciso de um tempo em silêncio no meio do dia. A percepção dele não é escalável, é feeling puro. No japonês preferido, o dono só pergunta “o de sempre?”. E sou fã das duas empresas, não escaláveis e muito inovadoras. Cássio Grinberg diz: “O não escalável é o diferente, é o que confere identidade. O escalável todo mundo faz se conseguir, o não escalável todo mundo que consegue, não quer mais parar de fazer.” O processo é bacana, mas o feeling é o que manda! Primeiro, nos negócios, o propósito. As pessoas. O bem feito ali, hand made mesmo. O que encanta. Depois, o escalável. Tá todo mundo buscando uma boa e escalável ideia, mas o pão francês bem feito, quentinho, crocante por fora e macio por dentro, faz o cliente feliz e o empreendedor muito mais!