5G ganha versão turbinada este ano, a rede 5,5G. Saiba o que muda e quando chega ao Brasil

O 5G, lançado no Brasil em meados de 2022, já ganhará uma versão turbo ao longo deste ano em todo o mundo. Chamada de “5G-Advanced” ou “5,5G”, a nova fase da quinta geração é um dos principais temas de debate e apostas entre as operadoras e as empresas de infraestrutura durante o Mobile World Congress, maior evento de telecomunicações do mundo.

O novo 5G vai permitir uma velocidade de cinco a dez vezes maior que o 5G puro atual (chamado de standalone, SA) e é considerada peça-chave para o desenvolvimento de novos serviços e ampliação de receitas, dizem as companhias.

A versão turbo vai permitir uma arquitetura de rede mais eficiente para aplicações imersivas e interativas como realidade aumentada e virtual, que poderão ser utilizadas nas áreas de entretenimento, educação e em empresas, além de jogos na nuvem. Em janeiro deste ano, algumas cidades da China, Alemanha e Áustria já iniciaram os testes.

Para especialistas, o 5,5G é também uma espécie de caminho para a chegada do 6G, prevista para o final desta década. Empresas de infraestrutura também defendem que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aumente a quantidade de frequência para permitir que as empresas desenvolvam mais serviços nos próximos anos.

Quem aproveitou o evento em Barcelona para divulgar seus primeiros testes na nova rede 5,5G foi a TIM Brasil. A operadora realizou testes em seu laboratório no Rio de Janeiro e alcançou uma velocidade de transferência de dados de 11,6 Gbps. Segundo Marco Di Costanzo, diretor de Desenvolvimento de Rede da tele, a iniciativa reforça a importância de conduzir testes de novas tecnologias.

O executivo lembra que a nova versão vai melhorar ainda mais o desempenho da rede e aprimorar a experiência na conexão. Além disso, vai abrir novas e oportunidades de negócios.

— Estamos muito satisfeitos com os resultados alcançados. A operadora foi a primeira no Brasil a ativar o 5G Standalone (SA), a primeira a alcançar a maior velocidade com o 5G (5,4 Gbps em 2022) e agora fomos os primeiros a chegar ao 5,5G — afirma Di Costanzo, destacando que a companhia é líder na quinta geração.

Segundo André Gildin, da RKKG Consultoria, a tecnologia precisa caminhar em diversas fases de forma a estimular a criação de novas aplicações. O 5,5G, diz ele, consiste em novos softwares que contam ainda com a capacidade de conectar quantidade muito maior de objetos em uma mesma antena.

— O 5,5G vai permitir de fato novos casos de uso e é uma evolução do 5G SA. Na prática, é como se fossem adicionadas mais funções nas redes, permitindo, por exemplo, um espaço específico na rede para determinadas operações (com o chamado fatiamento de rede), trazendo mais qualidade e confiabilidade — diz Gildin.

Segundo Luiz Tonisi, presidente da Qualcomm para América Latina, ter espectro suficiente é vital para permitir a chegada do 5,5G no Brasil. Para isso, é importante que o Brasil passe a considerar o uso da frequência de 6 gigahertz para permitir que as operadoras possam ter mais capacidade de oferecer banda e investir em novas soluções.

— Hoje, o 6 gigahertz é usado apenas para wi-Fi indoor. Já o 3,5 megahertz é usado no 5G. Com mais capacidade, as empresas poderão ofertar serviços como FWA e aplicações para empresas com internet das coisas de forma massiva sem precisar se preocupar em ter banda o suficiente para os consumidores. Hoje esse tema já está em consulta pública na Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) — diz Tonisi.

Busca por eficiência energética com uso de IA

O 5G turbo também acontece no momento em que o avanço da inteligência artificial (IA) generativa permite a criação de novas funções na palma da mão, que demandam mais capacidade e velocidade de rede. As teles e as empresas de tecnologia vão usar ainda os recursos da própria IA e machine learning (aprendizado de máquina) para buscar soluções mais eficientes do ponto de vista energético.

Com menor consumo de eletricidade, dizem especialistas, haverá o desenvolvimento de sensores mais baratos, o que pode ajudar no avanço da indústria conectada.

— Como inclui IA em sua arquitetura central, o 5G Advanced beneficiará principalmente as operadoras móveis. Por exemplo, elas poderão automatizar ainda mais a otimização do desempenho da sua rede , por exemplo, eficiência energética ou gestão de carga e tráfego, o que significa redução em custos operacionais. E haverá novos serviços, com o suporte para realidade estendida, que é um dos casos de uso para as operadoras móveis expandirem a sua oferta aos seus clientes — afirma Robert Wyrzykowski, principal analista de dados da consultoria Opensignal.

Por Época/Negócios